Cada tipo de lodo exige um conjunto químico específico. A escolha correta de coagulantes e
floculantes depende da carga iônica do lodo, das condições operacionais e das características do
polímero. Este artigo apresenta os critérios técnicos e práticos para fazer a seleção ideal.
| Tipo de Lodo | Característica dominante | Recomendação geral |
| Biológico | Alta carga orgânica, baixa densidade |
Floculante catiônico, carga média a alta, PM alto |
| Químico | Alta densidade, carga iônica residual |
Floculante aniônico, carga média, PM médio |
| Misto | Composição biológica e química | Jar-test obrigatório com produtos de carga oposta |
| Industrial variável |
Flutua conforme produção | Flexibilidade, revisão frequente da dosagem e produto |
Entenda as características dos polímeros
1. Carga iônica
Refere-se à quantidade de grupos carregados na cadeia do polímero.
Aniônico: grupos negativos – indicado para partículas • com carga positiva
- Catiônico: grupos positivos – ideal para partículas com carga negativa
- Não-iônico: neutro – indicado para lodos instáveis ou de baixa carga
Grau de carga:
- Baixa (5–20%): efeito suave, usado em sistemas delicados
- Média (20–40%): uso geral
- Alta (40–60%): ação rápida e agressiva, forma flocos maiores
2. Peso molecular (PM)
Determina o tamanho da cadeia polimérica e o tipo de floco formado.
- PM baixo (< 5 milhões): flocos menores, mais indicado para lodo fino ou com pouca carga
- PM médio (5 a 10 milhões): aplicação geral
- PM alto (> 10 milhões): flocos maiores, melhor desempenho em desidratação mecânica
Escolha do floculante
Critérios principais:
- Tipo de carga do lodo (medida ou inferida via jar-test)
- Tipo de carga do lodo (medida ou inferida • via jar-test)
- Tipo de equipamento de desidratação (centrífuga, filtro prensa, leito)
- Condutividade e pH do efluente
- Estabilidade operacional (processo contínuo vs. lote)
Formatos disponíveis:
- Pó: melhor custo por kg, exige preparo e tempo de hidratação
- Emulsão: mais prático, exige agitação contínua no preparo
- Solúvel em água (soluções): baixo manuseio, mas custo mais alto
Escolha do coagulante
| Produto | Vantagens | Atenção |
| PAC | Alta eficiência, gera menos lodo | Custo por kg pode ser maior |
| Sulfato de alumínio | Econômico, fácil acesso | Gera mais lodo, sensível ao pH |
| Sais férricos | Alta performance com fósforo e metais | Pode escurecer o lodo |
| Tanino natural | Origem renovável, baixa geração de lodo | Pode ter variações de lote |
Critérios de decisão:
- Faixa de pH operacional da planta
- Custo de descarte do lodo gerado pelo coagulante
- Objetivo do tratamento (clarificação, remoção de fósforo, ajuste de cor)
- Compatibilidade com o floculante disponível
Compatibilidade: coagulante e floculante
Esses dois produtos devem ser tratados como um sistema combinado. Alterar um, seja por tipo ou dosagem, exige revalidação do outro. Jar-test é sempre necessário quando há troca.
Recomendação prática
Nunca baseie a escolha apenas no preço por kg. Avalie:
- Custo por m³ tratado, incluindo produto e descarte de lodo
- Eficiência no jar-test e estabilidade do processo
- Compatibilidade química entre os produtos
- Capacidade de resposta às variações da operação
Conclusão
Escolher o produto certo começa com o entendimento técnico do lodo e se consolida com testes de
campo. Carga, peso molecular, faixa de pH e tipo de desidratação são variáveis que, quando
ignoradas, comprometem todo o processo.